domingo, 4 de maio de 2014

Na abertura da Parada Gay, militantes cobram lei anti-homofobia

Na abertura da 18ª Parada do Orgulho LGBT na manhã deste domingo (4), militantes cobraram das autoridades a aprovação de leis contra a homofobia e a favor dos direitos de transexuais. A ministra Ideli Salvatti (Direitos Humanos), o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT) estavam presentes no evento.

O presidente da APOGLBT (Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo), Fernando Quaresma, reclamou publicamente da anexação do projeto de lei 122/06, que criminaliza a homofobia, ao projeto de reforma do Código Penal, que será analisado mais tarde. A medida foi aceita por votação no Senado, em dezembro de 2013.

"Por que o PL foi arquivado e agora temos que esperar a redação do novo Código Penal? Os parlamentares que decidiram isso estão com as mãos cobertas de sangue dos LGBT [lésbicas, gays, bissexuais e transexuais]", afirmou.

Quaresma citou levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB) que aponta que 310 homossexuais e travestis foram assassinados em 2013 e defendeu a aprovação da lei de Identidade de Gênero, conhecida como João Nery, em homenagem ao primeiro transexual do Brasil.

Segundo ela, transexuais teriam acesso à mudança de registro gratuita, mantendo os mesmos números de identificação (como número de RG e CPF) e sem fazer referência a identidades anteriores. A lei também dispensaria a exigência de tratamentos psicológicos e autorização judicial para a cirurgia de mudança de sexo.

A transexual Janaína Lima falou sobre o constrangimento que o registro causa no dia a dia quem muda de sexo, seja pelo nome incompatível com a identidade de gênero, seja no uso do banheiro masculino ou feminino.

"Queremos essa união com as autoridades todos os dias, não só em uma mesa para uma coletiva de imprensa", disse Lima, que também é membro do Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual.

Mencionando a dificuldade de se aprovarem certos projetos no Congresso, a ministra Ideli Salvatti disse que "é preciso transformar esses milhões de participantes [da Parada Gay] em votos para [novos representantes no] Congresso Nacional".

Com o mote "País Vencedor É País Sem Homolesbotransfobia: Chega de Mortes! Pela aprovação da Lei de Identidade de Gênero!", a manifestação ocorre neste domingo (4) da avenida Paulista à praça Roosevelt, na rua da Consolação.

Dinheiro público

Considerada uma das maiores do mundo, a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo deste ano conta com patrocínio tanto da prefeitura como dos governos do Estado e federal, além de algumas empresas.

O presidente da APOGLBT não informa quanto a organização recebeu de dinheiro público para promover o evento.

"O poder público está investindo porque a iniciativa privada não investe. Toda a rede hoteleira, de alimentação, enfim, toda a estrutura da cidade é beneficiada. Quando as empresas passarem a ajudar na manifestação, vai diminuir a necessidade de dinheiro público", disse Quaresma.

A prefeitura afirma que investiu aproximadamente R$ 2 milhões na Parada Gay, que, segundo ela, movimenta cerca de R$ 220 milhões na cidade.

A Secretaria de Estado da Cultura, que organizou parte do show de encerramento e duas atrações que antecederam a Parada, afirma ter investido cerca de R$ 150 mil.

Sem posse do imóvel, Alckmin anuncia Museu da Diversidade na av. Paulista

Na abertura da 18ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou que vai transformar uma casa histórica da avenida Paulista em Museu da Diversidade, dedicado à memória da comunidade gay.

Conhecido como casarão Franco de Mello, o imóvel fica entre as ruas Augusta e Ministro Rocha Azevedo. "Quem quiser, pode ver a casa no número 1919 da av. Paulista. Ela está em mau estado, mas será inteirinha reformada para abrigar o museu", disse o governador.

O governo, porém, ainda não tem projeto para o museu, nem estimativa dos custos da reforma.

De acordo com a Secretaria de Estado da Cultura, a posse do imóvel ainda não é do governo estadual. O casarão, construído em 1905, é tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) e passa por ação de desapropriação indireta, que ainda não foi concluída.

Ainda assim, a iniciativa extraiu aplausos de militantes LGBT reunidos nesta manhã para coletiva de imprensa da Parada Gay.

Maioridade

Considerada uma das maiores do mundo, a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo completa neste domingo (4) 18 anos.

O evento, que normalmente ocorre durante o feriado de Corpus Christie, foi antecipado devido ao calendário da Copa do Mundo, cuja abertura acontecerá na capital paulista no dia 12 de junho.

A concentração começou às 10h na frente do prédio da Gazeta, na altura do número 900 da av. Paulista. Ao longo do dia, 14 trios elétricos desfilarão pela via e pela rua da Consolação, até a praça Roosevelt.

O show de encerramento acontece na praça da República, a partir das 19h, e terá atrações como Wanessa e Pedro Lima.

Depoimento de Daniela Andrade do mesmo Evento:

Enfim, muito feliz de ter reencontrado as pessoas parceiras de luta no bloco pela aprovação da lei João Nery com Jean Wyllys e tantas outras pessoas marchando com a faixa estendida no chão, no meio do povo. Muita emoção.

E percebi também o truque que a Associação da Parada deu nas pessoas trans*, pra ler a frase "pela aprovação da lei João Nery" nos trios, era preciso uma lupa, estava em fonte -1 nos banners idênticos à frente de todos os trios. Em garrafais: criminalização já, basta de mortes.

Isso por que ficou acordado que iriam visibilizar a lei João Nery, esqueceram de nos avisar que as pessoas precisariam usar a lupa pra ler a subfrase que é o subtema. -

Nota: Aparentemente depois de confirmado que a parada desse ano, visaria as questões trans, a mesma, não cumpriu o combinado.

Fonte: Textos de Daniela Andrade (Facebook) e Heloisa Brenha


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